O que julho nos revelou sobre os rumos da economia e dos investimentos?

Julho teve tensões políticas no Brasil e economia fraca nos EUA. Mantivemos cautela com ativos de qualidade e diversificação.
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Resumo Macroeconômico

Julho foi um mês marcado por mudanças relevantes no cenário internacional e acirramento das tensões institucionais no Brasil. Nos EUA, a economia americana mostrou sinais de deterioração, com desaceleração no consumo, mercado de trabalho fraco e inflação parando de convergir para a meta. Por aqui, o Banco Central manteve a taxa Selic inalterada em 15%, diante de uma conjuntura interna pressionada por ruídos políticos e incertezas fiscais. Assim, os mercados reagiram com volatilidade, especulando sobre a trajetória de juros e câmbio para os próximos meses.

Do ponto de vista tático, o mês exigiu prudência. Mantivemos uma postura mais conservadora nas exposições locais, com preferência por ativos de maior qualidade, duration mais intermediária na renda fixa e maior diversificação internacional nas carteiras, principalmente via proteção cambial e exposição a commodities e ativos descorrelacionados. Para agosto, seguimos com viés de cautela, atentos à combinação entre cenário externo ainda restritivo e dinâmica interna deteriorada, especialmente no campo político-fiscal.

Cenário internacional: mercado de trabalho fraco e corte de juros cada vez mais perto

Nos Estados Unidos, o crescimento do PIB do segundo trimestre superou as expectativas, com avanço anualizado de 3,0%. Esse número engana, já que se beneficiou do carrego estatístico da queda nas importações pós-tarifaço e o consumo mostrou desaceleração, o que pode indicar um enfraquecimento da atividade à frente. A desinflação segue perdendo força, com o PCE avançando 0,3% em junho e acumulando alta de 2,6% em 12 meses (esp. 2,4%). O Payroll de julho trouxe dados bem abaixo das expectativas (73K x 106K), e ainda houve uma revisão dos dados de junho de 147K para 14K, trazendo de volta os temores de uma desaceleração maior na economia americana.

Esse quadro volta a pressionar o Federal Reserve, que manteve os juros estáveis, mas sem indicar um corte imediato. O mercado, no entanto, já precifica chance de redução a partir de setembro, e aumentou as expectativas para algo entre 2 e 3 cortes no ano. A temporada de resultados trouxe bons resultados, na média, sobretudo em setores ligados à tecnologia, todavia muitas empresas tiveram resultados abaixo do esperado, afetadas pela percepção de desaceleração do crescimento global, mostrando que a seletividade impera.

Dados do PCE mostram que inflação nos EUA parou de convergir para a meta

Brasil: manutenção da Selic e desafios políticos com Trump

A política monetária no Brasil manteve-se inalterada, com o Copom decidindo pela manutenção da taxa Selic em 15%, em decisão unânime e sem alteração no balanço de riscos. A sinalização foi de uma política prolongada em patamar restritivo, reforçando o compromisso com o controle da inflação em meio à crescente instabilidade fiscal e política.


No campo institucional, o governo enfrenta novos desafios com a tensão crescente entre os poderes, em meio ao agravamento das manifestações populares e à pressão internacional relacionada às sanções comerciais impostas pelos EUA. A isenção parcial de tarifas por parte da administração Trump trouxe algum alívio, mas o dano reputacional e a incerteza jurídica ainda impactam o ambiente de negócios.


A inflação doméstica segue controlada, mas com repiques pontuais em suas projeções decorrentes da depreciação do câmbio e de choques nos preços de combustíveis. A atividade econômica, embora ainda com sinais positivos no setor de serviços, tem perdido fôlego no varejo e na indústria. O cenário fiscal, por sua vez, continua pressionado pela teimosia do governo em não aprovar medidas de contenção de gastos e receitas extraordinárias.

Desemprego baixo e expectativas de inflação convergentes

Estratégia de Alocação – Agosto 2025

Renda Fixa

O ambiente macro permanece desafiador, com a Selic mantida em 15% e a curva de juros futuros ainda precificando prêmios elevados, sobretudo nas pontas longas. A sinalização do Banco Central é de manutenção prolongada da política monetária contracionista, dada a deterioração do arcabouço fiscal e a persistência dos ruídos institucionais. Diante disso:

  • NTN-Bs longas (2035–2045) seguem atrativas, oferecendo carrego elevado real com risco de marcação a mercado positivamente assimétrico. Essas posições se beneficiam do juro real acima de 7%, o que representa uma excelente oportunidade de carregamento num ambiente de incerteza fiscal.
  • Prefixados intermediários (até 2030) devem compor parte tática da carteira, mas com atenção ao risco político e à volatilidade da curva. Para alocações novas, sugerimos um mix de Pré e IPCA.
  • A graph of different numbers and lines

AI-generated content may be incorrect.A renda fixa pós-fixada (CDI) mantém papel fundamental como porto seguro para liquidez de curto prazo e recomposição de caixa, além de ser útil para estratégias de resgate programado e reavaliação de cenários.

Renda Variável Brasil

A bolsa brasileira apresenta dificuldade de sustentação, operando de forma lateral e refletindo o ambiente de instabilidade política e institucional, além da ausência de catalisadores positivos no curto prazo. Nossa exposição em bolsa local é mantida de forma tática e seletiva, com foco em:

  • Setores defensivos: energia elétrica (Eletrobras, Equatorial), saneamento (Sabesp) e bancos com perfil conservador como Itaú e BTG (boa distribuição de dividendos, balanços robustos e resiliência em ciclos recessivos).
  • Players com receita dolarizada, como Vale, Petrorio, e Embraer.
  • Small Caps com bastante upside (Marcopolo e Direcional)

Juro real elevado e fluxo estrangeiro em queda fazem a bolsa perder fôlego

Renda Variável Internacional

Com a inflação desancorada, e o crescimento forte, seguimos recomendando exposição em empresas de qualidade com resiliência de lucros. O ambiente nos EUA é de possível início de ciclo de corte de juros no segundo semestre, o que deve impulsionar:

  • Ações de tecnologia maduras (big techs)
  • Ações de empresas ligadas a commodities em ciclo de alta
  • Índices mais amplos de mercado via ETFs

Commodities e Ativos Alternativos

Mantemos recomendação tática em ativos reais com baixa correlação ao ciclo tradicional, diante do ambiente de inflação global mais volátil e da busca por proteção em carteiras:

  • Prata segue como hedge natural contra o dólar e a inflação global, além de ser beneficiária da reindustrialização verde (uso em painéis solares e baterias).
  • Urânio continua sendo nossa principal aposta estrutural no setor de energia. A revalorização do papel da energia nuclear nas políticas energéticas de longo prazo sustenta o racional de alta.
  • Fundos multimercados e estratégias quantitativas com perfil neutro/não-direcional se destacam pela diversificação de fontes de retorno e menor exposição ao risco de mercado local.
  • Bitcoin e criptoativos continuam sendo uma excelente diversificação para o longo prazo, porém acreditamos que no curto prazo o cenário não está tão interessante com o Bitcoin e outras criptos com muita dificuldade de renovarem novas máximas. Os volumes continuam decrescentes e os fatores técnicos e sazonais nos mostram que estamos cada vez mais pertos do fim desse ciclo atual.

Câmbio

O risco fiscal e institucional brasileiro aumentou substancialmente, o que elevou a volatilidade do câmbio, com o dólar testando níveis acima de R$ 5,60 em momentos pontuais. No médio prazo, continuamos vendo o DXY se enfraquecendo, já que esse é o objetivo da atual administração dos EUA, todavia, a sazonalidade mostra que tendemos a ter uma janela ruim no segundo semestre, principalmente no último trimestre, com as empresas remetendo dólares ao exterior para fechar seus balanços. Por isso:

  • Recomendamos proteção parcial em dólar (hedge cambial) para carteiras concentradas em ativos locais.
  • Para investidores com flexibilidade e perfil internacional, exposição direta em ativos em moeda forte (via ETFs, ações globais ou BDRs) deve ser considerada como parte permanente da estratégia.

Posicionamento por classe de ativo

Conclusão

Agosto começa com um ambiente ainda desafiador para ativos locais. A combinação de incerteza fiscal, tensão institucional e ausência de gatilhos positivos concretos limita o potencial de valorização da bolsa e impõe cautela na renda fixa longa. No cenário global, a perspectiva de manutenção de juros mais baixos nos EUA e de um crescimento que pode vir a se enfraquecer, reforça o apelo de uma carteira global diversificada, com exposição a qualidade e proteção via ativos reais.

Seguimos monitorando os desdobramentos políticos e econômicos, e continuaremos ajustando nossas recomendações de alocação conforme a evolução do cenário.

Atenciosamente,


Equipe de Alocação

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