Na quarta-feira passada (31/07) tivemos a decisão do FED que votou por manter a taxa de juros inalterada, porém já dando pistas de que o primeiro corte viria em setembro, um fato que o mercado também já aguardava.
O mercado no geral tinha visto como extremamente positivo o movimento, e logo na abertura abriu em alta, porém logo de manhã veio o primeiro balde de água fria: o PMI Industrial caiu de 48,6 para 46,8, enquanto o esperado era uma alta para 48,9, mostrando um setor industrial em uma desaceleração mais forte.
Com esses dados, o mercado já começou a devolver os ganhos e a ligar o alerta de recessão nos EUA, porém ainda leve. O dia seguinte, todavia, poderia trazer uma confirmação desse alerta ou uma negativa, com a divulgação do Payroll de julho.
Assim, às 9:30 de quinta-feira (01/08), veio o segundo balde de água fria: o Payroll veio mostrando a criação de 114 mil vagas de trabalho, contra uma expectativa de 175 mil, e um desemprego em 4,3%, enquanto a expectativa era de manutenção em 4,1%. Dado esse que acionou a Sahm Rule (indicador recessivo do mercado de trabalho que falhou apenas uma única vez na História).
Em seguida, um movimento geral de risk off se instaurou nos mercados globais, impactando todas as classes de ativos. O mercado, de um dia para o outro, deu um 180º em tudo o que estava precificando, e o cenário de soft landing saiu de cena para um cenário de hard landing. Esse cenário fez com que Treasuries fechassem muito forte, precificando cortes mais intensos nos juros dos EUA, petróleo caísse forte (mesmo com os acontecimentos no Oriente Médio), e os ativos de risco como um todo apresentassem quedas relevantes.
Porém, alguns ativos têm me chamado atenção por não estarem se comportando como deveriam, como os DIs Futuros, que têm continuado seu movimento de fechamento recente. Talvez a partir de amanhã o mercado dê cartas diferentes…
Sempre soube que se a recessão viesse, ela viria de uma hora para outra, sem muito aviso prévio. Cada dado macroeconômico que saía dava uma pista e ditava o humor do mercado para a frente. Depois de 3 anos esperando a tão aguardada recessão, você começa realmente a duvidar da sua possibilidade, e o próprio mercado fez com que você perdesse muito dinheiro nos últimos 3 anos caso apostasse nesse cenário (vide a maior parte dos fundos multimercados).
Tudo isso quer dizer que a recessão finalmente chegou? Não dá para dizer, mas o mercado não é bobo e precifica tudo de antemão, então você não pode esperar muito para ter uma leitura e decidir o que fazer.
O que fazer a partir de agora, então?
Bom, quem tem proteção na carteira (puts ou shorts) vai se dar bem. Quem está muito comprado e opera mais curto prazo pode considerar stopar suas posições buscando um ponto de entrada posterior com uma assimetria de risco melhor, e investidores de mais médio e longo prazo podem considerar fazer vendas parciais nas suas posições para recomprá-las mais baratas quando a tempestade passar.
Buscar proteções e shorts agora acredito que não fará sentido, pois a volatilidade já vem aumentando, encarecendo o preço das opções, e o custo dos aluguéis tendem a estar mais altos também, podendo tornar ineficiente tais estratégias.
No sábado de manhã stopei minha posição em BTC, minha maior posição na carteira, no preço de USD 61.200. Ao longo dos anos aprendi que o maior indicador de venda é quando você começa a ficar desconfortável com as suas posições e tem que ficar olhando o home broker toda hora. No momento em que escrevo esse texto o Bitcoin já está sendo negociado a USD 53.000 e a bolsa japonesa já entrou em circuit breaker.
Agora não há muito o que fazer, a não ser usar as próximas horas até a abertura do pregão para pensar o que você vai fazer com as suas posições.
Um alento: já é a segunda vez que a bolsa do Japão entra em circuit breaker desde a semana passada, e a bolsa brasileira vem sustentando bem. Small Caps fechou até em alta na sexta. Não estou muito otimista, porém torçamos…
E para você que não tem caixa, pois você disse que não precisava, fica o aprendizado para o próximo ciclo de mercado.