No dia de ontem tivemos movimentos muito importantes nos juros e no câmbio, que podem ter significado a exaustão da tendência de alta que vimos nos últimos meses. No caso do dólar, tivemos a maior queda intradiária desde jan.2023 (-2.13%, chegando a cair mais de 2.30% ao longo do dia), buscando a média móvel mais curta de 9 períodos (claramente o preço estava bem esticado).
No caso dos juros, também tivemos uma queda forte nas taxas, também buscando a média móvel mais curta de 9 períodos, deixando candles vendedores nos vértices mais longos no dia de 2 de julho, ao mesmo tempo que forma uma divergência baixista com o IFR 14 desde o dia 16 de abril, ou seja, os juros fazem novas máximas enquanto a força do movimento fica menor, podendo significar uma tendência de alta com baixa potência.
A bolsa brasileira, não mencionada até agora por aqui, por outro lado, vem subindo quase que em linha reta desde o dia 18 de junho, bem diferente dos outros dois ativos mencionados até aqui, o que vem causando uma divergência que não é muito comum.
Diz-se que o mercado de juros é um mercado mais eficiente, já que é mais operado por institucionais, ou seja, por essa lógica deveríamos presumir que o movimento correto é o dos juros e a bolsa deveria voltar a cair para fechar essa divergência.
Todavia, me parece que quem estava certo dessa vez era a bolsa.
Converso com várias gestoras quase todas as semanas, e todas elas estavam extremamente pessimistas com o mercado doméstico, algumas sem nem saber o que fazer. Nos últimos dias vimos grandes players desistindo do mercado brasileiro como o Morgan Stanley.
Das que conversei recente, apenas o pessoal da Kinea e da Reach tinham uma visão mais positiva para o Brasil, bem mais próximo da nossa.
Isso tudo para dizer que institucional também erra, e às vezes erra feio.
E para quem acha que o end all be all da bolsa é a entrada do gringo, todo esse movimento de alta começou muito antes de uma entrada mais forte dos estrangeiros a partir dessa última segunda-feira.
Dessa forma, é provável que vimos o pico dos juros e do dólar ontem, tendo a bolsa já feito seu fundo 2 semanas atrás.
Ontem também já começamos a ouvir falas no sentido de compromisso fiscal e de corte de gastos na ordem de 26 bilhões por parte do Governo Federal, o que pode ter sido um dos catalisadores para o movimento mais forte de ontem.
Assim, acreditamos que pode ter chegado o momento de uma aposta mais forte no Brasil com uma assimetria de risco melhor, sabendo que o movimento de piora deve ter chegado a sua exaustão.
No momento em que escrevo esse texto, o dólar já está caindo mais 1,24%, sendo cotado a R$ 5,48 (lembrando que há 2 dias estava sendo cotado a R$ 5,70).
Mercado de risco como bolsa e câmbio definitivamente merecem uma atenção maior dos investidores, e no caso da Renda Fixa, há prêmio em todos os vértices (juros de curto prazo precifica uma alta improvável da Selic) e em todos os indexadores (Pré ou IPCA), não precisando nem escolher muito….
Ficamos à disposição para maiores esclarecimentos.
E vamos às compras!
Ricardo Moura
Head de Alocação – VOGA | BTG Pactual