Na vida, começamos a admirar diversas pessoas. Desde as nossas primeiras interações, nos espelhamos em figuras que, sabendo ou não, acabam sendo parte fundamental da construção de quem somos. Quando pensamos no âmbito profissional, surgem os grandes nomes do mercado — profissionais que alcançaram o inimaginável, líderes que transformaram ideias em legado. Também surgem as empresas que nos provocam: aquelas com as quais sonhamos em trabalhar, ou que nos inspiram a criar algo próprio, com propósito e impacto.
Mesmo quem decide empreender ou sonha em fazê-lo, invariavelmente carrega consigo alguma referência forte. Um modelo de gestão, uma filosofia de mercado, uma cultura corporativa. São as histórias de sucesso, de resiliência e resiliência, de ousadia — próximas ou distantes — que acendem muitas vezes a fagulha de novas jornadas.
Escrevo essa introdução porque uma dessas grandes histórias — e talvez uma das mais simbólicas do nosso mercado — está prestes a ganhar como livrarias.
No dia 15 de maio, será lançado “De volta ao jogo: A história de sucesso, dramas e viradas do BTG Pactual”, o livro que narra a trajetória de um banco que ajudou a moldar o sistema financeiro nacional e de um de seus principais personagens: André Esteves. A obra, escrita pela jornalista Ariane Abdallah, é resultado de mais de 100 entrevistas com sócios, ex-sócios, concorrentes, familiares e figuras próximas ao BTG Pactual. Uma investigação profunda, mas também um retrato sensível de ambição, risco, poder, ocultação — e, sobretudo, visão de longo prazo.
Confesso que sempre me interessei por histórias de construção empresarial. Mas há algo diferente quando se trata de empresas que, direta ou indiretamente, cruzaram o nosso caminho profissional. O BTG é uma dessas marcas que as pessoas aprendem a respeitar — por seu protagonismo, pela agressividade calculada com que opera, pela consistência estratégica com que se posiciona.
A trajetória de André Esteves, por sua vez, é daquelas que desafiam qualquer narrativa linear. De estagiário a controlador do banco, de protagonista de manchetes a figura resiliente que reconstrói o próprio legado, sua história é um convite à reflexão sobre liderança, contribuição, reinvenção.
Mais do que um livro sobre um banco ou sobre um executivo, “De volta ao jogo” parece ser uma tentativa — bem-vinda — de registrar uma grande história nacional. E, num país em que ainda temos tão poucas biografias corporativas, essa publicação chega como uma contribuição necessária.
Ambição, conquistas, tombos e guinadas — tudo em alta voltagem
Honrando as origens, o livro começa antes mesmo do BTG, resgatando a história de Luiz Cezar Fernandes, um dos fundadores do velho Pactual. A partir daí, somos conduzidos por décadas de reviravoltas, estratégias ousadas e decisões que definem os rumores de um banco que hoje ocupa o posto de maior banco de investimentos da América Latina.
O BTG emprega hoje mais de 6.300 profissionais e mantém presença em três continentes, com escritórios em:
- América do Sul: São Paulo, Rio de Janeiro, Belo Horizonte, Recife, Porto Alegre, Curitiba, Medellín, Bogotá, Barranquilla, Lima, Buenos Aires e Santiago;
- América do Norte: Nova Iorque, Miami, Atlanta, Stamford e Cidade do México;
- Europa: Londres e Lisboa.
Mas o livro mostra que tudo começou de forma muito mais modesta — e cheia de personalidade. A primeira grande história é ambientada no Rio de Janeiro, nos anos 1980, quando um banqueiro self-made, um comerciante fora da curva e um economista com credenciais acadêmicas fundam uma distribuidora de valores mobiliários. Rapidamente, a casa se destaca por suas apostas certas e, principalmente, por sua habilidade de reter e formar talentos — algo que permanece como marca registrada do banco até hoje.
Esteves: a mente por trás das viradas
Entre os nomes que ajudaram a moldar essa trajetória, André Esteves ocupa um capítulo à parte — e, como era de se esperar, também ocupa o centro da narrativa do livro.
De estagiário promissor nos anos 90, controlador de um dos maiores bancos do continente, Esteves é retratado como alguém com um intelecto incomum, apetite por risco e uma capacidade rara de ler cenários complexos. O livro não evita os episódios difíceis — como sua prisão em 2015 —, mas é justamente aí que ganha força: ao mostrar o movimento de ajuda pessoal e institucional que recoloca Esteves no jogo com ainda mais vigor.
Eu, particularmente, vejo esse tipo de leitura como essencial. Porque entender as mentes por trás das instituições nos ajuda a entender também a lógica do mercado em que atuamos. E porque, no fim, toda grande história empresarial é, também, uma história de gente.
De volta ao jogo: Por que histórias são tão importantes?
Talvez o maior valor dos livros como este não esteja somente no registro histórico que faz, mas na capacidade de nos provocar. De nos fazer lembrar por que escolhemos o caminho que escolhemos. E, principalmente, de reafirmar que nenhuma trajetória se construiu sem risco, sem queda, sem reinvenção.
A admiração que sentimos por grandes nomes não é idolatria — é espelho. E cada história que lemos com atenção, como a que está prestes a ser lançada, acaba nos ajudando a escrever com mais clareza a nossa própria.
Seja no começo da carreira ou décadas depois, toda inspiração bem colocada tem o poder de realinhar a bússola.
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