Quais as diferenças entre o Núcleo de Inflação e o Índice Cheio?

O que é o Núcleo de Inflação (Core Inflation) e qual a diferença entre ele o Índice de inflação cheio (Headline Inflation)? 
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O que é o Núcleo de Inflação (Core Inflation) e qual a diferença entre ele o Índice de inflação cheio (Headline Inflation)? 

Núcleo de Inflação (Core Inflation ou Underlying Inflation) 

O Núcleo de Inflação é uma definição que deriva da própria inflação em si. Aprofundei-me nesse conceito no meu último artigo: Qual a diferença entre os principais indicadores de inflação nos EUA? 

Sabendo disso, vamos para a definição de núcleo de inflação:  

“O núcleo de inflação (core inflation), também conhecido como inflação subjacente (underlying inflation), tem como objetivo medir as tendências dos preços, eliminando perturbações originadas por choques temporários. Em outras palavras, o núcleo de inflação deve refletir mudanças nos preços causadas apenas por fundamentos, como pressões de demanda, movimentos permanentes nos preços relativos ou mudanças nas expectativas de inflação.” 

Esta é a forma como o Banco Central do Brasil define o núcleo de inflação. Vale ressaltar que, apesar de ser um conceito econômico universal, cada país possui uma metodologia específica para este cálculo: 

Núcleos de Inflação – Medidas usadas por Bancos Centrais 

Fonte: BCB; Bryan & Cechetti (1999) 

Core PCE & Core CPI 

Como meu intuito é analisar a economia americana, irei focar nos núcleos dos dois principais indicadores de inflação pela ótica do consumidor nos EUA: PCE (Personal Consumption Expenditures) e CPI (Consumer Price Index). 

Apesar das notáveis diferenças entre PCE e CPI, ambos indicadores possuem um conceito de núcleo similar: excluir do Índice Cheio (Headline ou Overall) as variações de preços de alimentos e energia. 

Core Inflation = Headline Inflation – Δ food and energy prices 

Traduzindo, temos: 

Núcleo de Inflação = Índice Cheio – Δ preços de alimentos e energia 

Afinal, o que é melhor: o Núcleo de Inflação ou o Índice Cheio? 

Concordo com a seguinte tese de James Bullard, ex-presidente e CEO do Federal Reserve Bank de St. Louis: 

“Como já discuti anteriormente, os indicadores cheios buscam refletir os preços que as famílias pagam por uma ampla variedade de bens, e não por um subconjunto desses bens. O índice cheio de inflação é, portanto, projetado para ser a melhor medida de inflação que temos. 

Bullard sintetizou, através do seu artigo Measuring Inflation: The Core is Rotten, a ideia de que a meta do dos Bancos Centrais é controlar o Headline Inflation, não o Core. Portanto, eles deveriam focar no próprio Headline. Parece simples, e óbvio, porque de fato é. Mas esse conceito precisa ser dito, defendido e economicamente provado, pois os americanos passaram a dar uma relevância desproporcional ao núcleo de inflação nas últimas décadas. 

Núcleo de Inflação: por quê (não) usar? 

Abaixo estão os principais argumentos utilizados para defender o núcleo de inflação, acompanhado, é claro, das respectivas críticas que compartilho com Bullard: 

  • Volatilidade: o Headline é mais volátil do que o Core. Portanto, se a política monetária (Fed) reagisse sistematicamente ao Headline, a economia em si se tornaria mais volátil; 

  • Crítica: a forma mais eficiente de otimizar a reação do Banco Central a choques inflacionários é ter como meta um melhor indicador de inflação. Por isso que o Fed definiu o PCE para tal, em detrimento do CPI; 

  • Indicador Antecedente: o Core tem capacidade preditiva sobre o Headline; 

  • Crítica: tentativa tentar simplificar ao extremo algo que deveria ser feito através de um modelo econométrico com outras variáveis, como expectativa de inflação, PIB e taxas de juros (de curto, médio e longo prazo), por exemplo; 

  • Preço Relativo: as famílias reagem às alterações de preços relativos, alterando seu comportamento de consumo e esses movimentos são melhor auferidos pelo núcleo; 

  • Crítica: o CPI chain-weighted e o PCE (meta do Fed) já levam isso em conta, haja visto que alteram suas respectivas cestas com periodicidade trimestral. Sendo assim, um aumento nesses indicadores está ilustrando uma real inflação na economia; 

  • Subconjunto de bens: alguns economistas argumentam que o Core é relevante e pode ser melhorado, selecionando uma cesta de bens mais inelásticos (variações na oferta ou na demanda tendem a não causar impactos tão significativos no preço) e de bens importados, pressupondo que o Banco Central do país exportador já estaria reagindo ao aumento de preço desse bem; 

  • Crítica: ainda é uma teoria frágil e sem comprovação estatística relevante. Ademais, para o caso de bens importados, terceiriza-se a obrigação de lidar com a inflação para outro Banco Central, o qual pode falhar na sua obrigação, implicando em um problema para o Fed. 

Conclusão 

“As medidas gerais de inflação (índices cheios) foram projetadas para serem as melhores medidas de inflação disponíveis. É difícil contornar esse fato com simples transformações dos índices de preços. O Fed deve respeitar a construção dos índices de preços como eles são e aceitar o desafio de política monetária que isso representa. Fazer o contrário pode criar a aparência de estar evitando a responsabilidade pela inflação.” 

Ninguém melhor do que o próprio Bullard para concluir que, não apenas o Fed, mas também nós como investidores, devemos analisar o índice cheio de inflação, em detrimento do núcleo. O qual não deve ser descartado, mas observado em segundo plano, de forma complementar ao Headline. 

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