O mês de dezembro foi marcado por uma aceleração do movimento de alta nas bolsas, causado principalmente por uma mudança brusca no discurso do FED, que deu indícios claros de que o ciclo de alta de juros já terminou e que seus membros já começaram a conversar sobre a possibilidade de cortes.
Tudo isso fez com que os juros longos americanos fossem reprecificados para baixo, ajudando a alavancar as bolsas no mundo inteiro.
De forma concomitante, tivemos o PCE, indicador de inflação preferido do FED, vindo abaixo do esperado, e seu núcleo vindo numa taxa anualizada muito próxima de 2,00%, a meta de inflação do FED, corroborando ainda mais as apostas de que teremos um “soft landing” na economia americana, ou seja, a inflação retornará para a meta sem uma desaceleração tão forte da economia.
Apesar de que no início de 2023 um cenário recessivo era o “call” mais óbvio, confesso que hoje o “soft landing” parece o cenário provável.
Esse cenário só ocorreu uma vez, em 1995. Assim, sabemos que não é um cenário impossível, apesar de raro.
Se esse cenário for o que se desenhará daqui para frente, podemos esperar uma continuidade da alta nas bolsas e do fechamento das curvas de juros, sendo propício para aumentarmos nossa exposição em renda fixa longa (pré e inflação) e em bolsa, que é o que pretendemos fazer ao longo dos próximos meses.
Mês passado, já começamos a ver os resultados das alocações bem-feitas em Renda Fixa e Renda Variável, já que boa parte dos ativos de RF passaram a ter ágio, e aproveitamos bem esse último “rally” de alta do Ibovespa. Quem estava mais alocado em “small caps” e empresas mais voltadas para a economia doméstica ainda não viu ganhos expressivos, já que boa parte dessa alta foi puxada por bancos e empresas de “commodities” (o que também aumenta a assimetria de ganho para as empresas voltadas à economia doméstica).
Por agora, esperamos uma pausa nessa alta, que pode vir via uma correção ou uma lateralização, mas a força dessa tendência, com várias ações participando, nos mostra que correções a partir de agora tendem a ser boas oportunidades de compra e que essa tendência não vai parar por aqui.
Percebam que não citei em nenhum momento o risco fiscal do Brasil. É importante não nos deixarmos levar por certas narrativas, pois no fim das contas o que importa é o preço e o que está fazendo preço. No momento atual, os “players” de mercado internos e externos não estão se importando com o fiscal, e sim com a política monetária dos EUA e suas consequências.
Além disso, comparado com os outros pares emergentes, o Brasil está numa posição bastante favorável. No mercado, o relativo importa. Muitas vezes você não precisa ser a camisa mais limpa, apenas a menos suja.
Ficamos à disposição para maiores esclarecimentos.