Estamos mais perto do fundo do que longe? Após 1 ano e 5 meses de mercado de baixa nos EUA, e quase 2 anos de mercado de baixa no Brasil, acreditamos estar muito mais perto do fundo dos mercados de risco do que longe, já que em média os bears markets nos EUA duraram em média 1 ano e 9 meses.
Obviamente que não podemos considerar somente a média histórica de duração dos bears para chegarmos a essa conclusão, então o que mais temos visto nos mercados?
Primeiramente, a inversão da curva de juros, que ocorreu em novembro de 2022, costuma antecipar recessões no horizonte de tempo de alguns trimestres. Assim, juntamente com o aperto do crédito que se intensificou após a crise do banco SVB, esperamos que a economia americana entre em recessão no segundo semestre desse ano, com o mercado de ações sofrendo as consequências de margens de lucro mais apertadas e temporadas de balanço mais fracas devido ao próprio desaquecimento da economia e a precificação desse cenário, o que talvez abra uma ótima janela de exposição mais agressiva aos mercados de risco.
A recessão já não está precificada? Não.
Não está precificada ainda, pois as expectativas de lucro continuam positivas e os valuations extremamente caros. A bolsa americana ainda negocia a um P/L de 18,5x, que é extremamente elevado para padrões históricos. Ou seja, para um novo bull market começar, precisaríamos pensar que os lucros das empresas vão bater as expectativas e/ou que os valuations vão continuar expandindo. Nenhuma das opções nos parece factível tendo em vista um cenário de juros extremamente elevados e com atividade econômica arrefecendo. Assim, para um novo bull market florescer, seria necessário ainda uma queda mais forte nos mercados de ações norte-americano.
Mas e o Brasil? De fato, a bolsa brasileira está nominalmente barata, mas isso não quer dizer que é necessariamente a hora de dar all-in. Como os mercados são extremamente interligados hoje em dia, seria muita inocência nossa acreditar que havendo um potencial downside para a bolsa americana, isso não afetaria a bolsa brasileira. Talvez afete na mesma escala ou até em uma escala maior, já que em momentos de estresse de mercado, os investidores costumam fugir para a segurança, e a bolsa e a moeda brasileiras definitivamente não são esse porto seguro.
São por essas razões que continuamos extremamente defensivos nas nossas posições long de bolsa, com no máximo 10% para os clientes mais agressivos e de horizonte de tempo mais alongado, nos utilizando mais de operações táticas como swing trade e long & short para destravar valor, e operações estruturadas com derivativos para protegermos o portfólio e gerarmos ganhos na carteira acima do benchmark com volatilidade controlada.
Por fim, vale ressaltar a importância de nos mantermos líquidos para o grande bull market que vai nascer, e não deixarmos nossos maiores inimigos, a impaciência e a ganância, tomarem conta das nossas decisões de investimento.